O título deste post deixa desde logo intuir a minha opinião sobre a meditação. Sou praticante assídua de meditação vipassana e acredito nos seus benefícios.
Já praticaste algum tipo de meditação?
E o que sentiste? Que palavra surge na tua mente junto com meditação? Que os benefícios dela retiraste?
Paz e calma são as palavras que mais vezes ouço como resposta a esta pergunta. Eu própria identifico-me com estas palavras.
Comecei a meditar em Outubro de 2005, na Índia. Comecei com um retiro de 10 dias em silêncio. 10 dias de isolamento total – sem telemóvel ou email, livros ou musica, 10 dias essencialmente de privação sensorial, com os estímulos externos reduzidos ao mínimo criando o melhor ambiente para aprender a olhar para dentro de mim.
Senti imediatamente maior acesso a estados de calma, e a prazo uma maior capacidade de concentração.
Mas... será que estamos todos a ter uma alucinação colectiva baseada em décadas de imagens de Budas nas montanhas e pessoas magrinhas e bonitas meditando de olhos fechados em lugares idílicos? Imagens de paz, imagens de tranquilidade.
Estamos todos a alucinar ou existem benefícios cientificamente provados do acto de meditar.
Desde a década de 60 do século passado que a comunidade cientifica, especialmente nos Estados Unidos, se tem vindo a interessar pela pratica de meditação.
Os primeiros cientistas a interessar-se na meditação foram os psicólogos, que descreveram a meditação como a pratica de “controlo da atenção”.
Cientistas como Naranjo, Wallace e Goldeman têm inúmeros artigos publicados centrados na meditação.
Não existe neste momento consenso entre os cientistas sobre qual a melhor técnica de meditação, no entanto os estudos realizadas são unânimes quanto ao impacto positivo da meditação no aumento da capacidade de concentração, na redução da ansiedade e na redução do stress.
Mas como explicam os cientistas estes efeitos?
Existem apenas hipóteses, na verdade ninguém sabe porque é que a meditação funciona, embora os neurocientistas proclamem enormes avanços a cada ano, a verdade é que o nosso cérebro é ainda um órgão bastante desconhecido.
Sabemos no entanto que:
A meditação tem impacto nas ondas electromagnéticas produzidas pelo cérebro, verificando-se um aumento das ondas alfa e teta.
A meditação provoca uma alteração da zona onde é produzida maior actividade, passando para o lóbulo frontal esquerdo, associado à calma e à felicidade.
A meditação tem um impacto na produção de endomorfinas relacionadas com sensações de calma como a Beta-endomorfina e com o stress como o cortisol.
Meditadores experientes demonstram alterações fisiológicas no seu cérebro, nomeadamente na espessura do córtex.
Ou seja, através de alterações na química e na fisiologia do cérebro, a meditação aumenta a nossa capacidade de concentração, reduz ansiedade e stress.
É importante referir que a maioria dos estudos indicam para a existência de diferenças muito importante entre meditadores experientes e meditadores com menos experiencia, concluindo-se por isso que esta é uma aplicação de longo prazo. No entanto, diferenças importantes foram verificadas em estudos tão curtos quanto 8 semanas.
Por outro lado, estudos mais recentes procuraram o impacto da meditação na saúde em geral do ser humano.
Um estudo em particular publicado em Novembro de 2009 na revista Science, demonstrou que a meditação reduz em 50% o risco de ataques de coração em pacientes de risco, redução esta igual aos melhores medicamentos de prevenção de doenças arteriais.
Estudos com pacientes de cancro demonstraram menores complicações gastro-intestinais derivadas dos tratamentos em pacientes que meditam regularmente.
Assim, a meditação pode ajudar não só a evitar a doença como a ultrapassar processos de cura com maior conforto.
Na minha experiencia, os Benefícios da Meditação estão ao alcance de todos. Bastam 10 minutos por dia de qualquer técnica que foque a atenção para sentirmos enormes benefícios. Todos podemos melhorar a nossa capacidade de concentração, reduzir a ansiedade e o stress e até prevenir doenças arteriais com a prática de meditação.
Bibliografia:
“Os Efeitos da Meditação à Luz da Investigação Científica em Psicologia: Revisão de Literatura”, Carolina Baptista Menezes & Débora Dalbosco Dell’Aglio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul