21 novembro 2010

09 novembro 2010

Tolerância



Esta semana decidi não trabalhar com um potencial fornecedor que falhou um deadline bastante simples 3 vezes consecutivas. Infelizmente tive de lho dizer por email porque o telefone estava desligado, e recebi de resposta a frase "Penso que a tolerância tb é uma qualidade."


Fiquei a pensar nisto... tolerância... tolerância é uma qualidade... Sim, estou de acordo, a tolerância é uma qualidade!  No entanto, apercebo-me agora, talvez uma qualidade que sobre-valorizamos e da qual abusamos em Portugal.

Durante os últimos meses acompanhei bastante de perto as lutas de um empreendedor com a "tolerância" portuguesa: propostas que chegam com semanas de atraso, emails sem resposta, chamadas que não são devolvidas.  Falámos da dificuldade portuguesa em dizer "Não". Não posso, não tenho os recursos, não quero participar no projecto, não tenho as competencias, não me dá jeito. Eu própria, admito, já o fiz, deixar coisas sem resposta porque não me apetece dizer não... 

Mas agora que a porta está a torcer o meu rabo de recém empreendedora, não posso deixar que isto aconteça, nem com fornecedores, nem aos meus futuros clientes.

"Ah desculpe o atraso é que estou cheio de trabalho!" 

Ainda bem! Haja trabalho e para todos! Mas nesse caso, se não se importa, vou dar trabalho à concorrência que se calhar eles têm falta de clientes. :)




28 setembro 2010

Benefícios da Meditação

O título deste post deixa desde logo intuir a minha opinião sobre a meditação. Sou praticante assídua de meditação vipassana e acredito nos seus benefícios.

Já praticaste algum tipo de meditação?

E o que sentiste? Que palavra surge na tua mente junto com meditação? Que os benefícios dela retiraste?

Paz e calma são as palavras que mais vezes ouço como resposta a esta pergunta. Eu própria identifico-me com estas palavras.

Comecei a meditar em Outubro de 2005, na Índia. Comecei com um retiro de 10 dias em silêncio. 10 dias de isolamento total – sem telemóvel ou email, livros ou musica, 10 dias essencialmente de privação sensorial, com os estímulos externos reduzidos ao mínimo criando o melhor ambiente para aprender a olhar para dentro de mim.

Senti imediatamente maior acesso a estados de calma, e a prazo uma maior capacidade de concentração. 

Mas... será que estamos todos a ter uma alucinação colectiva baseada em décadas de imagens de Budas nas montanhas e pessoas magrinhas e bonitas meditando de olhos fechados em lugares idílicos? Imagens de paz, imagens de tranquilidade.

Estamos todos a alucinar ou existem benefícios cientificamente provados do acto de meditar.

Desde a década de 60 do século passado que a comunidade cientifica, especialmente nos Estados Unidos, se tem vindo a interessar pela pratica de meditação.

Os primeiros cientistas a interessar-se na meditação foram os psicólogos, que descreveram a meditação como a pratica de “controlo da atenção”.

Cientistas como Naranjo, Wallace e Goldeman têm inúmeros artigos publicados centrados na meditação.

Não existe neste momento consenso entre os cientistas sobre qual a melhor técnica de meditação, no entanto os estudos realizadas são unânimes quanto ao impacto positivo da meditação no aumento da capacidade de concentração,  na redução da ansiedade e na redução do stress.

Mas como explicam os cientistas estes efeitos?

Existem apenas hipóteses, na verdade ninguém sabe porque é que a meditação funciona, embora os neurocientistas proclamem enormes avanços a cada ano, a verdade é que o nosso cérebro é ainda um órgão bastante desconhecido.

Sabemos no entanto que:

A meditação tem impacto nas ondas electromagnéticas produzidas pelo cérebro, verificando-se um aumento das ondas alfa e  teta.

A meditação provoca uma alteração da zona onde é produzida maior actividade, passando para o lóbulo frontal esquerdo, associado à calma e à felicidade.

A meditação tem um impacto na produção de endomorfinas relacionadas com sensações de calma como a Beta-endomorfina e com o stress como o cortisol.

Meditadores experientes demonstram alterações fisiológicas no seu cérebro, nomeadamente na espessura do córtex.

Ou seja, através de alterações na química e na fisiologia do cérebro, a meditação aumenta a nossa capacidade de concentração, reduz ansiedade e stress.

É importante referir que a maioria dos estudos indicam para a existência de diferenças muito importante entre meditadores experientes e meditadores com menos experiencia, concluindo-se por isso que esta é uma aplicação de longo prazo. No entanto, diferenças importantes foram verificadas em estudos tão curtos quanto 8 semanas.

Por outro lado, estudos mais recentes procuraram o impacto da meditação na saúde em geral do ser humano.

Um estudo em particular publicado em Novembro de 2009 na revista Science, demonstrou que  a meditação reduz em 50% o risco de ataques de coração em pacientes de risco, redução esta igual aos melhores medicamentos de prevenção de doenças arteriais.

Estudos com pacientes de cancro demonstraram menores complicações gastro-intestinais derivadas dos tratamentos em pacientes que meditam regularmente.

Assim, a meditação pode ajudar não só a evitar a doença como a ultrapassar processos de cura com maior conforto.

Na minha experiencia, os Benefícios da Meditação estão ao alcance de todos. Bastam 10 minutos por dia de qualquer técnica que foque a atenção para sentirmos enormes benefícios. Todos podemos melhorar a nossa capacidade de concentração, reduzir a ansiedade e o stress e até prevenir doenças arteriais com a prática de meditação.  


Bibliografia:




“Os Efeitos da Meditação à Luz da Investigação Científica em Psicologia: Revisão de Literatura”,  Carolina Baptista Menezes & Débora Dalbosco Dell’Aglio, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

22 setembro 2010

10 Ways to Good Health






Less alcohol. More tea.
Less meat. More vegetables.
Less salt. More vinegar.
Less sugar. More fruit.
Less eating. More chewing.
Less words. More action.
Less greed. More giving.
Less worry. More sleep.
Less driving. More walking.
Less anger. More laughter.

14 julho 2010

Aim high!

Arriscando este blog transformar-se numa colagem de citações que vou apanhando aqui e ali... cá fica mais uma.

The greatest danger for most of us is not that our aim is too high and we miss it, but that it is too low and we reach it.


Michelangelo

27 maio 2010

I am me

I am me.
In all the world, there is no one exactly like me.
There are persons who have some parts like me,
but no one adds up exactly like me.

Therefore, everything that comes out of me
is authentically mine because I alone choose it.
I own everything about me
My body including everything it does;
My mind including all its thoughts and ideas;
My eyes including the images of all they behold;
My feelings whatever they may be...
anger,
joy,
frustration,
love,
disappointment,
excitement
My mouth and all the words that come out of it
polite,
sweet or rough,
correct or incorrect;
My voice loud or soft.
And all my actions, whether they be to others or to myself.

I own my fantasies, my dreams, my hopes, my fears.
I own all my triumphs and successes,
all my failures and mistakes.
Because I own all of me I can become intimately acquainted with me.
By doing so I can love me and be friendly with me in all parts.
I can then make it possible for all of me to work in my best interests.

I know there are aspects about myself that puzzle me,
and other aspects that I do not know.
But as long as I am friendly and loving to myself,
I can courageously and hopefully, look for solutions to the puzzles
and for ways to find out more about me.

However I look and sound, whatever I say and do, and whatever I think
and feel at a given moment in time is me.
This is authentic and represents where I am in that moment in time.
When I review later how I looked and sounded, what I said and did, and how I
thought and felt, some parts may turn out to be unfitting.
I can discard that which is unfitting, and keep that which proved fitting,
And invent something new for that which I discarded.

I can see, hear, feel, think, say and do.
I have the tools to survive, to be close to others, to be productive,
and to make sense and order out of the world of people
and things outside of me.
I own me, and therefore I can engineer me.

I am me and I’m OK



Virginia Satir

11 maio 2010

O Caminho

Viajei muito nos últimos 5 anos. Conheci a Ásia, a América Latina, percorri cidades Europeias. Deparei-me com o facto de que a primeira coisa que faço quando chego a um sitio novo é caminhar, perder-me nas ruas, jardins, praças, descobrir os bairros, sem mapa, sem objectivo definido.  Perco-me para encontrar a cidade. Perco-me para me encontrar na cidade.


Encontro refugio em momentos de reflexão silenciosa. O silêncio liberta-me, acolhe-me, conforta-me. Encontro para além das palavras, nas sensações, aquela que creio ser a minha essência. Em silêncio ligo-me à verdade, à intimidade, àquilo que é mais nuclear no meu ser.

Caminhar em silêncio é o que me move para o Caminho de Santiago.

Vou caminhar onde milhares, milhões de peregrinos caminharam ao longos dos séculos. Vou deixar que a energia de milhares de preces, de intenções, milhares de esperanças, dons, verdades, interiores penetrem em mim em cada passo que der. 

Dizem que não há maior sorte do que descobrir para que estamos aqui e cumprir a nossa missão.
Não sei ainda o que me trouxe cá, a este aqui e agora, com este nome e este corpo, e com estes dons.
Reconheço em mim um acesso à vida interior e a capacidade de o expressar, num diário, numa conversa, num blog, mas falta-me um sentido de propósito, a certeza de que é por aqui! Vamos!

Procurarei no Caminho o meu propósito, a minha ligação e este tempo, a este lugar, o grande amor, a grande libertação do meu ser interior, a sua expressão, sempre sabendo que as respostas estão dentro de mim, o Caminho será apenas um catalizador.



06 maio 2010

Where Should We Put Our Money?

(...)

Place your bets on young people who are building real products and
services that solve real problems and delight real customers. Heck,
even if they're old people with young energy, I say invest in them
too! (Note: my stance on entrepreneurship being a "young man's game"
is inversely proportional to my actual age).

Encourage young people going into the work force to forgo the promise
of unearned and absurd compensation on Wall Street for the more
appropriate and soulful option that comes from creating real value at
a startup company. When you meet a young person who wants to go to
Wall Street scold them. Tell them how sad it is that they are going to
waste their talents trying to manipulate money instead of creating
value. Explain to them that when they look back on their career, even
if they are successful, they will see a bunch of transactions and
models (they've dated and built), but they will never know the
satisfaction of having built something real. Something tangible that
they can be proud of.

(...)

(...) we need to find and support these entrepreneurs. Develop
the ones who think big, work hard, are resilient, honest, resourceful
and who are willing to take reasonable chances with our investments.
Also, we should only invest in the people whose prior products haven't
left  huge craters of unemployment and financial pain when they
imploded--but I digress.



Jason Calacanis
My blog: www.calacanis.com
My company: www.mahalo.com

25 abril 2010

Um cavalo maravilhoso

Há muitos, muitos anos, numa terra distante havia um lavrador que tinha um cavalo maravilhoso. Era um animal magnifico, forte, belo, valioso. O Principe que reinava sobre esta terra distante ofereceu ao velho lavrador uma pequena fortuna pelo magnifico animal, mas o lavrador não vendeu.

Louco! És louco! - diziam os aldeões - Pensa no que podes fazer com o dinheiro! Comprar uma bela casa, mais terras, nunca mais terás de trabalhar!

E o velho respondia:
Louco, porquê louco? Porque não me chamam apenas um homem que tem um cavalo maravilhoso?

Um dia o cavalo fugiu.

Vês velho louco?! Agora perdeste tudo! O teu cavalo fugiu e já não tens nem cavalo nem dinheiro, nem a casa que podias ter comprado, as terras. És mesmo um velho louco!
Louco, porquê louco? Porque não me chamam apenas um homem que tinha um cavalo que fugiu?

Certo dia, trabalhando na terra com o seu filho, o rapaz caiu com grande aparato e partiu a perna em vários sitios. Teria de passar meses na cama...

Vês velho louco?! Agora nem o teu filho de pode ajudar! Não tens ajuda para arar a terra, se tivesses vendido o cavalo agora tinhas dinheiro.
Porque não dizem apenas que tenho um filho com a perna partida?

Pouco tempo depois, começou uma guerra e todos os rapazes da aldeia foram recrutados. Menos o filho do lavrador que com a perna partida não podia lutar.

E um dia, quando menos se esperava o magnifico cavalo do velho lavrador voltou, seguido de uma manada de belos cavalos selvagens.

Quem quero ser hoje?
Quero viver o presente, cada dádiva que a vida me dá, ou pensar no que vou comprar com o dinheiro do cavalo?

08 abril 2010

07 abril 2010

What if...?

- What happens if I fall in love with you?
- That depends actually...
- On what?
- On me reciprocating... I've found it quite random really, my ability to fall in love. Can't promise a thing!

05 abril 2010

25 março 2010

19 março 2010

Padre Roque (Sta Isabel - Lisboa)

Hoje houve um Padre que me tocou pela sua simplicidade e ternura.
Numa Missa de Corpo Presente, falou com muito amor, pôs toda a gente a rezar o Pai Nosso de mão dada, deu um Abraço de Paz à familia.

Disse no final

"O que levamos desta vida não é o que guardamos, é o que damos."

Fiquei de lágrimas nos olhos.

Quando o cumprimentei e comentei que tinha gostado muito da missa, recebeu o elogio com um enorme 
sorriso e cheio de humildade comentou - às vezes pensamos que só as crianças precisam de elogios e incentivo, mas também os adultos gostam e precisam de ser elogiados, isso motiva um trabalho cada vez melhor. E levamos o elogio que fizemos conosco na memória do sorriso que geramos.

Foi muito bonito, dentro de toda a tristeza de ver alguém partir.

10 março 2010

My intention for today



Here is a good reminder to set an intention for our day. Mine will be gratefulness.
Gratefulness for my life, my house, all conforts, for my body, my mind, for my friends, my family, for all the opportunities that open each moment.
With a slight smile on my face, I feel grateful.







04 março 2010

Quebre esse copo!

Não sou fã de Paulo Coelho, não li os livros todos de fio a pavio, e o que li não me tocou naquele momento. Mas hoje este texto tocou-me. Porque há copos para partir, há riscos que são só internos a tomar, há mapas para mudar!

Aqui vai, uma inspiração para o dia, ou para a vida.


Quebre este copo
(trecho de “Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei”)

O vinho tornava as coisas mais fáceis para ele. E para mim.
– Por que você parou de repente? Por que não quer falar de Deus, da Virgem, do mundo espiritual?
– Quero falar de outro tipo de amor – insistiu. – Aquele que um homem e uma mulher compartilham, e em que também se manifestam os milagres.
Segurei suas mãos. Ele podia conhecer os grandes mistérios da Deusa – mas de amor sabia tanto quanto eu. Mesmo que tivesse viajado tanto.
E teria que pagar um preço: a iniciativa. Porque a mulher paga o preço mais alto: a entrega.
Ficamos de mãos dadas por um longo tempo. Lia em seus olhos os medos ancestrais que o verdadeiro amor coloca como provas a serem vencidas. Li a lembrança da rejeição da noite anterior, o longo tempo que passamos separados, os anos no mosteiro em busca de um mundo onde estas coisas não aconteciam.
Lia em seus olhos as milhares de vezes em que havia imaginado este momento, os cenários que construíra ao nosso redor, o cabelo que eu devia estar usando e a cor da minha roupa. Eu queria dizer “sim”, que ele seria bem-vindo, que o meu coração havia vencido a batalha. Queria dizer o quanto o amava, o quanto o desejava naquele momento.
Mas continuei em silêncio. Assisti, como se fosse um sonho, à sua luta interior. Vi que tinha diante dele o meu “não”, o medo de me perder, as palavras duras que escutou em momentos semelhantes – porque todos passamos por isto, e acumulamos cicatrizes.
Seus olhos começaram a brilhar. Sabia que estava vencendo todas aquelas barreiras.

Então soltei uma das mãos, peguei um copo e coloquei na beirada da mesa.
– Vai cair – disse ele.
– Exato. Quero que você o derrube.
– Quebrar um copo?
Sim, quebrar um copo. Um gesto aparentemente simples, mas que envolvia pavores que nunca chegaremos a compreender direito. O que há de errado em quebrar um copo barato – quando todos nós já fizemos isto sem querer alguma vez na vida?
– Quebrar um copo? – repetiu ele. – Por quê?
– Posso dar algumas explicações – respondi. – Mas, na verdade, é apenas por quebrar.
– Por você?
– Claro que não.
Ele olhava o copo de vidro na beira da mesa – preocupado com que caísse.
“É um rito de passagem, como você mesmo fala”, tive vontade de dizer. “É o proibido. Copos não se quebram de propósito. Quando entramos em restaurantes ou em nossas casas, tomamos cuidado para que os copos não fiquem na beira da mesa. Nosso universo exige que tomemos cuidado para que os copos não caiam no chão.
Entretanto, continuei pensando, quando os quebramos sem querer, vemos que não era tão grave assim. O garçom diz “não tem importância”, e nunca na vida vi um copo quebrado ser incluído na conta de um restaurante. Quebrar copos faz parte da vida e não causamos qualquer dano a nós, ao restaurante, ou ao próximo.
Dei um esbarrão na mesa. O copo balançou, mas não caiu.
– Cuidado! – disse ele, instintivamente.
– Quebre o copo – eu insisti.
Quebre o copo, pensava comigo mesma, porque é um gesto simbólico. Procure entender que eu quebrei dentro de mim coisas muito mais importantes que um copo, e estou feliz por isto. Olhe para a sua própria luta interior e quebre este copo.
Porque nossos pais nos ensinaram a tomar cuidado com os copos, e com os corpos. Ensinaram que as paixões de infância são impossíveis, que não devemos afastar homens do sacerdócio, que as pessoas não fazem milagres, e que ninguém sai para uma viagem sem saber aonde vai.
Quebre este copo, por favor – e nos liberte de todos estes conceitos malditos, esta mania que se tem de explicar tudo e só fazer aquilo que os outros aprovam.
– Quebre este copo – pedi mais uma vez.
Ele fixou seus olhos nos meus. Depois, devagar, deslizou sua mão pelo tampo da mesa, até tocá-lo. Num rápido movimento, empurrou-o para o chão.

O barulho do vidro quebrado chamou a atenção de todos. Em vez de disfarçar o gesto com algum pedido de desculpas, ele me olhava sorrindo – e eu sorria de volta.
– Não tem importância – gritou o rapaz que atendia as mesas.
Mas ele não escutou. Havia se levantado, me agarrado pelos cabelos, e me beijava.
Eu também o agarrei nos cabelos, abracei-o com toda força, mordi seus lábios, senti sua língua se movendo dentro de minha boca. Era um beijo que havia esperado muito – que havia nascido junto dos rios de nossa infância, quando ainda não compreendíamos o significado do amor. Um beijo que ficou suspenso no ar quando crescemos, que viajou pelo mundo através da lembrança de uma medalha, que ficou escondido atrás de pilhas de livros de estudos para um emprego público. Um beijo que se perdeu tantas vezes e que agora tinha sido encontrado. Naquele minuto de beijo estavam anos de buscas, de desilusões, de sonhos impossíveis.

Eu o beijei com força. As poucas pessoas que estavam naquele bar devem ter olhado, e pensavam estar vendo apenas um beijo. Não sabiam que naquele minuto de beijo estava o resumo de minha vida, da vida dele, da vida de qualquer pessoa que espera, sonha e busca o seu caminho debaixo do sol.
Naquele minuto de beijo estavam todos os momentos de alegria que vivi.

03 março 2010

Gaza - Avatar on Earth?



This video is circulating on facebook and a friend ask for comments on these provocative thoughts... Here is my comment.

Avatar is a metaphor. Good against evil, again. Who's who only depends on the perspective the movie is shot from. In Cameron's own Alien, the alien was the bad guy (bigger and uglier then, but again, that's just a perspective)

I don't even find the video too provocative because this is an old story, first the Romans 2.500 years ago, they conquered all of Europe, Ghenghis Khan invaded all his neighbors in XIIIth century China, there are examples in all cultures, in all times. Even the Arabs were the attackers when in the VIIIth century they invaded Iberia (that's not so long ago, the buildings, the words are still here). And even then peace was kept by letting each population live their spirituality freely and with commercial and trade agreements.

Same story: two sides fight for land, for profit, for domination. If you want someone else's resources, de-humanize them, make them your enemy, and take it. It's always been like this. Only the weapons have changed, the images, and how fast they travel. 


It's been the politicians and philosophers' responsibility to find solutions for 3000 years. Being human they have fear in their hearts. Fear of not having enough food, enough water, enough space for their children. Fear for our own survival.

I was living in Madrid in March 11th, I drove by one of the bombs that did not explode, it could have exploded, and it could have been me on the list, my father could have gotten a call "we're sorry, your daughter is dead"... and later that week I marched the streets with fear in my heart because someone wanted to kill me. Fear. Fear that turns into anger. Fear that turns into greed.

From my perspective, the only thing we can do is replace this fear with love and compassion, finding the spirit in us, the dust of stars we are made of, the connection to the grand scheme, our soul, or whatever you want to call it. We can chose to recognize the spirit and the love in both jews and arabs, and chinese, and korean, and indian, and blonds, and darks, and black, brown, purple... We are all in the same human boat. We can find the balance of the planet, accept the symbiotic relations in all environments, accept each other.

And facebook is a great platform for it! Millions of people all around the globe, exchanging points of view, insights, opinions, exchanging their humanity, where ever they are. Thank you Dave, for starting this discussion!

May Peace be in our hearts first, and then in the whole world!

02 março 2010

More or Less?




Eu sem dúvida quero consumir menos, quero desentupir a minha vida, a minha casa e o meu corpo do excesso! Less is more! Sem dúvida!

20 fevereiro 2010

Recém-nascidos



O que é que se derrete dentro de nós quando olhamos um bébé? Que instinto é este de protecção, de amor puro? Uma emoção trespassa todo o corpo e afecta os sentidos, um dedo que quer tocar, que percorre as linhas pequenas da testa, as bochechas e mão, que se delicia na pressão da pequena mão que agarra, o cheiro a bebe (oh pó de talco Jonhson&Johnson, quantas gerações de amor recém-nascido?), e o olhar que não se solta.  Podia ficar o dia todo a olhar um bébé recem-nascido!

19 fevereiro 2010

Gótica

Reparei primeiro nas unhas pintadas de preto descobertas nas luvas de dedos cortados. Depois vi o desenho do Jack Skellington. Hum... Bloqueando a voz da minha avó que fala na minha cabeça dizendo “Esta juventude está perdida!”, não consigo deixar de me perguntar porque deseja uma rapariguinha, que não terá ainda 18, anos ser feia? E imediatamente surge a questão, e estes pais, o que pensam, o que sentem quando olham a filha? O piercing a meio da linha do beiço inferior, a gargantilha com uma corrente de metal e uma argola sugerindo uma trela que ali se pode prender e levar esta menina, a sua menina... onde, com quem? A cruz ao peito, o corpete com 4 fivelas que se ajustam à volta da cintura, a saia comprida com folhos, mas negra, tudo negro, o Kispo, a mochila, tudo!

Olho então a cara. Queixo fino, a boca pequenina, bem desenhada, nariz ligeiramente arrebitado, testa marcada pelo acne. Não é bonita, nada mesmo. Tem uma cara tão vulgar que provavelmente não teria reparado nela não fossem as unhas e o preto.

E assim se evita a normalidade, assim um espírito único, leve, luminoso, fechado num corpo normal, numa rapariga normal, fechado no interior de Portugal, faz-se notar e encontra a pertença e a comunhão numa comunidade gótica que acolhe com base neste feio, neste escuro. Uma comunidade que vai alem das convenções, um grupo que se vira para dentro com uma cultura e visão do mundo próprias, na sua arte, na sua estética, rejeitando se calhar “o sistema”, sendo eles próprios um sistema. Quem sabe se o amor surge nessa comunhão.

17 fevereiro 2010

Metáforas

Esta tarde, numa reunião de trabalho, usaram-se tantas metáforas que, além de notar a riqueza visual que trouxeram à discussão, fiquei a pensar em porquê estas pessoas em concreto que se sentaram à mesa hoje falaram de forma tão ilustrativa?

Especificamente, as ideias que discutimos foram ingredientes para um cozinhado, que a certa altura estava feito, e noutras ainda não. O projecto foi um restaurante, um sistema solar, um planeta. O grupo foi um canivete Suiço e se calhar iamos vender hamburgueres...

Proponho que ilustrar pontos de vista com estas imagens mais ricas do que simples linguagem técnica, tem impacto na aceitação de um ponto de vista especialmente porque numa metáfora concentramo-nos nos pontos fortes da mensagem, sem ligar a detalhes onde muitas vezes estão as discórdias. Numa metáfora sobra espaço para o nosso inconsciente encontrar os pontos que nos une e ordenar aos consciente para deixar de se focar nas pequenas diferenças.

Essa capacidade é afinal, como também foi falado esta tarde, nuclear para um estilo de vida empreendedor, para um olhar o outro de forma a encontrar sempre o que podemos aprender e aplicar no nosso projecto concreto, no nosso mundo, no nosso pais, sem ficar pelo "ah, isso na Alemanha funciona mas os meus clientes... oh, isso em S.Francisco tem sucesso, mas aqui..."

Se calhar estávamos era todos com fome, afinal foi das 12h às 14h!

16 fevereiro 2010

Grito!!!

Vou voltar atrás e mudar o meu passado, vou amar a criança que sobreviveu. Além de olhar as cicatrizes, de lhes tocar, de lhes dar nomes, de as analisar, vou fazê-las desaparecer com o amor que agora me enche. Vou mudar o meu passado para mudar o meu futuro, vou abrir possibilidades, vou abrir as asas e vou ser livre!

15 fevereiro 2010

O meu Principe Encantado

Tem 1,90m e as costas tão largas e fortes que posso encostar-me a ele como se a uma parede, e sentir-te pequenina e segura alia encostada. Envolve-me com os seus braços, segura-me com as suas mãos ossudas e fortes, pousa o queixo no meu cucuruto e ficamos assim... até ele se mudar para o meu pescoço, que beija com paixão e ternura.

O meu principe encantado não tem a mania que sabe cozinhar, lá em casa quem cozinha sou eu e ele arruma e põe a mesa e trata da roupa e leva e tráz e põe, sem eu ter de lhe pedir nada.

Ás vezes acorda-me com beijos nas costas e ficamos horas infindas na cama.
Amamo-nos, queremo-nos, desejamo-nos.

É inteligente, muito mais do que eu, tem sempre alguma coisa para me ensinar. É trabalhador, honesto, eficaz e organizado. É respeitado, é um lider natural. Fala pouco e baixo, mas todos param para o ouvir. Ele é um homem bom!

É atento a todos os sinais que lhe dou. Recorda e celebra todas as datas importantes e surpreende-me constantemente. Nunca se sente criticado pelo meu olhar ou pelo meu silêncio. É dedicado, leal, companheiro, respeituoso, constante, fiável.

O meu principe encantado é lindo, elegante, sedutor e dança lindamente! Segura todas as portas e beija a mão das senhoras velhas que não gostam de beijos na cara. Sabe estar em qualquer situação e até atura a minha mãe.

Há um lado do meu principe que só eu conheço, ele é o segredo mais bem guardado do mundo, é brincalhão e livre mas vulnerável nas minhas mãos. Eu sou a única mulher na vida do meu principe encantado, inquestionada, inquestionavel. O meu principe é a minha base, a minha raiz.

Ele é o espaço onde eu sou livre.

Ver. Ouvir. Amar.

Vejo-te atrás do jornal. Ou melhor, não te vejo, o jornal cobre-te inteiro. É daqueles jornais enormes, à antiga, é o Expresso, imenso. Deve ser muito importante o que lês, absorve-te e não me vês. Sento-me ao teu lado, abro também o jornal, imito-te para me fazer notar. Se me portar bem, se fizer tudo como deve ser, se imitar na perfeição...

Aguardo no escuro um beijo de boa-noite. Aguardo ser reconhecida. Impaciento-me, assusto-me. O escuro é tão frio, denso. Chamo-te mas a minha voz não perfura esta escuridão imensa que me afunda, não chega até ti...

Espero-te nem sei onde... à porta, em casa, sentada na cama, na soleira da entrada. Espero... Nunca sei quando chegarás, se chegarás. Procuro as horas, tenho concentrar-me na televisão, sigo uma formiga a debater-se com os sulcos entre as pedras da calçada. Espero... Espero...

Entro no carro e ouço-te. Desculpa o atraso querida... Este transito! Neste país não há vontade política para nada! Tento. Hoje eu... É só grafitis, delinquentes, cambada de mal-criados! Aguardo outra oportunidade. Hum hum. Pois, tens razão.

Silêncio.